domingo, 6 de julho de 2014

Mudar para caber dentro de mim.

Há um pouco mais de um ano eu tive uma conversa muito séria com Marquinho, e comigo mesma. Falei para os dois que eu ia mudar. Falei que eu ia descobrir como resolver meu problema de baixo auto-estima e que ia mudar. Fisicamente? Talvez. Precisava me redescobrir. 

Meu primeiro passo foi procurar minha endocrinologista, fazer meus exames de rotina e começar uma dieta. Eu nunca me achei feia, horrorosa. Sempre busquei nas roupas meu próprio estilo e me sentir bem nelas. De vez em quando visto algo que sei que Marquinho gosta e tal, mas busco ser eu na maioria das vezes e não ligo muito pra combinar, estar na moda... isso poderia ser uma prova que minha auto-estima não estava tão abalada assim, mas existe uma coisa nessa história toda de se gostar que está um pouco além da aparência, acho que em mim, é um pouco de enxergar minha importância no outro...um pouco também de me comparar e achar que falta sempre algo em mim... enfim, fui na endocrino e fiz meus exames.
Fui em busca de um cirurgião plástico porque queria muito consertar umas coisas que ficaram meio caídas e esquisitas após meus três filhos. Uma delas me falou que eu estava 10 quilos acima do meu peso "ideal" e que, mesmo que ela "operasse um milagre" em mim, no final das contas, eu ia continuar me sentindo mal. Acreditei nela e fui atrás de extinguir esses 10 quilos antes de recorrer ao "milagre".
Pedi a um amigo meu, que é personal, que me ajudasse com exercícios. Fui bem clara com ele com o valor que eu podia pagar e que eu não seria nenhuma corredora de maratona, nem rata de academia, eu só queria perder esses 10 quilos.
Comecei a fazer análise e a escrever no meu caderninho.

E começamos juntos em junho do ano passado. Eu, minha endocrinologista, meu amigo personal (Márcio), minha analista, meu caderninho e um monte de gente que suportou meus dias de glória, me ouvindo "pregar" sobre os benefícios da corrida e da reeducação alimentar, e a falar sobre abdominais e exercícios funcionais... E claro, meu marido e meus filhos que não morreram ou me amam menos por todas as 2 horas que gasto na academia e treinos.



Essas fotos do lado esquerdo não foram de 1 ano atrás. Foi de um pouco mais, acho que Lia tinha uns 6 meses. Mas foi minha pior forma nos últimos 2 anos. 

Gosto de um comentário que li um dia: "Não é o quanto pesa na balança que faz você se sentir bem. Você se sente bem com seu corpo quando veste uma roupa que você curte muito e ela fica, na sua opinião, linda em você." 
Minha auto-estima, como eu falei antes, não dependia só do meu corpo. Sei disso e experimentei claramente isso há uns dias atrás quando meu corte de cabelo não foi "100% aprovado". Meu corpo foi o motivo que eu escolhi pra iniciar essa mudança de atitude.
Reconheço que me sinto 80% mais feliz com o que visto e com quem eu sou fisicamente. E canto vitória com isso porque EU precisei decidir e literalmente CORRER atrás da minha mudança.
Perdi 10 quilos de julho a dezembro do ano passado, fiz cirurgia plástica de abdome e mama pra eliminar a pele que ficou. Corro feliz 5km e morrendo 7,5km (uma volta na lagoa Rodrigo de Freitas). Tento malhar 3 vezes por semana e tento manter uma alimentação aceitável durante a semana para dar umas escapulidas no fim de semana. Eu tento. Isso não quer dizer que eu consigo. Quando sinto que estou ganhando uns quilinhos, corro mais, como menos e tento equilibrar as coisas. 
O mesmo segue pra dentro da minha cabeça. Hoje já reconheço o inicio dos meus "surtos" (todo mundo tem um, mude o nome, chame até de ansiedade...mas todo mundo tem seu momento psicótico de fora do normal) e tento organizar as idéias, pesar as consequências... enfim... Viver o melhor que eu puder comigo mesma e com as pessoas que amo perto de mim.
Houve muito investimento. De grana, de tempo, de culpa, de esforço, de não comer... ainda existe. Mas acho que facilitou um pouco as coisas. É menos um detalhe na minha lista feminina de "auto-piedade e culpa hormonal". 

Hoje de manhã, passei pela pracinha que meus filhos estavam brincando com a babá, dei um beijo neles, e falei que ia malhar. Eles me entenderam. Eles não entraram numa tristeza profunda e infinita que ditaria uma crise na adolescência porque não fiquei na pracinha com eles para ir malhar. 
Descobrir isso é maravilhoso! Me fez correr mais. 





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