segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Adaptação na escola - A difícil entrega

(Escrevi esse post em Agosto do ano passado, não sei porque não publiquei. Estava aqui nos meus rascunhos e calhou de justamente agora Lia viver sua segunda adaptação na escola. Por isso resolvi não descartá-lo.)

Lia está em período de adaptação na escola. Eu posso, com experiência na causa, dizer que já vivi de tudo a respeito disso. 
Já vivi, como mãe, o "tchau mamãe, pode ir", já vivi o " Nããão quero ficaaar ", o "não quero ir "... Já passei pela semana de choro, pelo dia legal-dia ruim, e principalmente pelo momento "será que um dia ele vai acostumar com a escola".

Sou professora e vivo adaptações de crianças na escola com muita freqüência. A soma dessa experiência toda não faz, absolutamente, a adaptação da minha terceira filha mais fácil. Porque ela não sou eu. Ela não sabe essas coisas que eu sei. 
Ela ter irmãos também não torna a adaptação dela mais fácil porque a adaptação é DELA e ela não viveu a adaptação deles, porque ela é ela .
A única coisa que eu posso, com muito risco, talvez alegar como um possível auxiliador seja a transferência de ansiedade que a gente, naturalmente, passa para os filhos em certos momentos. E do mesmo jeito, deve haver uma "transferência de segurança " também. Mas é só. O resto todo depende da opinião-sentimento-humor dela. E ela está indo muito bem! Uma mocinha!



Existe um medo palpável de toda mãe em momentos assim. Medo de estar "apressando" um momento que acontece cada vez mais cedo, medo da criança sentir que está sendo rejeitada, medo de traumatizá-los, medo da escola não saber suprir o que a criança quer na hora que ela quer, medo de ter escolhido a escola errada, medo da criança gostar da escola e não precisar mais de você.
Eu tenho um pensamento, que é MEU, e como é meu eu posso fazer o que quiser com ele, até expor aqui...né?!
 A escolha da escola é difícil porque poucas pessoas pensam apenas nos próximos dois aninhos. A gente pensa logo em alfabetização, vestibular, M.I.T e Harvard!
Desde a entrada de Noah na escola eu passei a me preocupar menos com o "futuro" deles. Não por pessimismo. Mas por fazer uma volta ao meu passado e lembrar que independente de ser a MELHOR ou MAIOR escola do mundo, mais para frente, eles escolherão o uso desse aprendizado, que partezinha do cérebro ELES desenvolverão mais. E mesmo que tenham estudado na MELHOR escola do mundo, eles poderão (ou não) ter sucesso ao lado daqueles que estudaram numa "piorzinha"... vocês entenderam o que eu quis dizer, né?! Posso facilitar as coisas para eles, mas não posso mudar o caminho que escolherão para desenvolver suas habilidades.

 Calma! Antes de vocês se revoltarem contra a professora aqui... Eu falei que me preocupo MENOS. Numa escala "MÃE" de preocupação. Entendo que o ensino é valioso e que nessa idade do desenvolvimento eles precisam de base forte e tal...mas não é a escola que tem que se encaixar neles, eles é que têm que descobrir a escola. Senão, será sempre forçado, decoreba, ruim e raso. 
Isso não quer dizer que eu não escolho bem as escolas que eles estudam até porque trabalho em todas elas e escolho muito bem antes de aplicar meu currículo, pensando neles primeiro e no que a escola tem para oferecê-los e como eu poderei ajudá-la a fazer. Vibro com cada etapa e estimulo em casa com jogos e brincadeiras, quero vê-los desenvolvendo suas INTELIGÊNCIAS (todas as áreas).
Mas não penso em vestibular, não vou mentir e dizer que não me preocupo se meu filho está dentro da "média geral " de uma criança da mesma série por aí...alguns minutos depois me pergunto: "Por aí" por onde? Quem dita isso? E se amanhã a gente resolver ir para outro país? E se amanhã mudar tudo e nada desse padrão que vivemos hoje de ensino servir pra eles? 
Não posso permitir que vivam MINHA ansiedade futurista, baseada na "correria dos dias", na pressa do mundo...é injusto com eles.

Assim como decidi que só poderia fazer o que fosse HUMANAMENTE possível para cuidar e protegê-los, que não iria ficar colocando minha mão no nariz para ver se estavam respirando  nem  pirar cada vez que saíssem de casa com a babá e algo de ruim pudesse acontecer, Não posso ir além do que me cabe, não tenho o poder de prever o futuro. 
Entreguei todos os três a Deus no primeiro dia que cheguei em casa saindo do hospital. Prometi que faria , dentro da minha parte na vida deles, tudo o que eu pudesse. Pedi que Deus fosse Deus . Numa "parceria" , na verdade, numa súplica mesmo, confiando que, bem mais do que eu (por mais difícil que seja imaginar), Deus os ama e é o maior interessado em vê-los bem.
Hoje, nas escolas por onde eles passam, faço assim também. Faço a minha parte na escolha , Deus tem o papel Dele, e a escola tem o papel dela, e eu tenho que confiar...  porque não posso ir onde não chego.