domingo, 9 de novembro de 2014

O "Segredo".

Vou contar um segredo para vocês... Se segurem porque é um segredo daqueles bem secretos, daqueles que ninguém conta para os pais antes de serem pais, daqueles que mesmo quem sabe guarda lá fundo para não lembrar... aí vai, está preparado?
                                                          EDUCAR NÃO É FÁCIL.


Sempre que vemos, ou ouvimos, pais ou palestrantes falando sobre temas tipo: "Educação de crianças", ou "Limites", ou "Terceirização da educação"... são tantos títulos e temas, mas no final das contas, eu e Marquinho voltamos para casa com o mesmo pensamento na cabeça: EDUCAR NÃO É FÁCIL. 
Quer saber o que a gente acha mais fácil? Os dois extremos. 
Ser super radical e falar "não" pra tudo na tentativa de "blindar" seu filho a um mundo "exterior" a sua casa mas que, de uma hora ou de outra, entrará pela frestinha da porta, quer você queira ou não... 
Ou sendo super liberal, permitindo tudo e deixando que seu filho dite as regras, adaptando a casa inteira as vontades dele. 
Escolhemos o meio termo, e esse meio termo é o difícil... agora. 
É o cansativo... agora. 
É o mais chato... agora. 
Porque acreditamos (e já vemos em alguns momentos) no resultado desse "trabalho" todo.
Quando me perguntam,  como é que eu consigo colocar os três (um de 7 anos, outro de 5 e outra de 2) na cama ao mesmo tempo, às 21h toda noite?! Eu respondo: "Falando: Hey ho, let's go! E eles vão."
Claro que depois da piadinha eu termino explicando: Começou com Caique, pequenininho ainda, uns 6 meses, toda noite e tarde. Impondo horários, regras, fazendo uma rotina de banho, leite, musiquinha e oração e assim ele entendia que ia se repetir o mesmo que ontem, e de todo dia... mesmo quando eu estava cansada, mesmo quando o pai viajava, mesmo em dias de festa, porque nós entediamos que aquela era a idade de formar a rotina dele e qualquer exceção poria a perder todo um trabalho do dia anterior, de Caique em "aceitar" a regra e de nós criando-a. 
Parêntesis enorme: (Marquinho é a parte racional, que checa os prós e contras das decisões, eu sou a parte que executa ou então que pesquisa argumentos "bem fortes" para mudá-las, mas o mais importante, e que com certeza é o maior motivo de ter dado certo até hoje, é que decidimos antes de levar até eles, e mesmo que não concordemos em algo, alguém cede, e assumimos os erros e acertos juntos, porque acreditamos que qualquer coisa que fazemos pelos nossos filhos, é pelo bem deles, independente do que temos como casal).

Quando Noah nasceu, ele se adaptou a rotina da casa e não o contrário. E com Lia, foi beeeem mais tranquilo. Mas não foi fácil, ainda não é. 
Falo "não" muitas vezes ao dia (parte fácil), mas escolho os "não" que vou falar para que eles possam saber que ouvir "não" também é um privilégio.
Brigo, coloco de castigo, mando pedir desculpas (parte fácil), faço eles voltarem no portão para falar "bom dia", "obrigada" e ficam sem receber o que querem se, mesmo que uma vezinha só, eles não pedirem "por favor", mesmo entre eles. Isso entre centenas de outras coisas que acontecem por hora no nosso dia a dia.
São crianças e sei que em certas horas, mesmo debaixo dos nossos olhos, eles procuram um "escape" dessa rotina toda... nós também. E aí é onde está a beleza da maternidade (em minha opinião), está em saber que, apesar de seu, aquela pessoinha é outro ser, e que NADA que você faça vai mudar o que tem dentro dela... então o jeito é deixar que eles possam saber quem são "apesar de você",  e nesse lugar mora o equilíbrio. 
Deixar escolherem, mas explicando as consequências de cada escolha (parte difícil).
Não é fácil nem para eles, eu sei.
E eis que então, chega o dia em que eles dormem na casa de amigos, ou ficam um tempo grande fora da sua supervisão... sendo eles, com toda a "liberdade", expostos ao mundo "exterior"...


... e todo aquele "trabalho difícil" vai mostrando o resultado.


terça-feira, 30 de setembro de 2014

Você tem medo de quê?

Fiz questão de comprar um livro "lindo"(na história e nas ilustrações) chamado (em português) "Onde vivem os monstros" de Maurice Sendak.


Faço uma releitura desse livro, na minha cabeça "da imaginação" , na qual a rainha "de castigo" que governa a ilha dos monstros sou eu mesma. Eu sou responsável por cada um deles. E eles têm medo de mim.
Tenho muitos monstros.Uma infinidade de medos, e alguns eu preservo desde pequenininha.
Morro de medo de escuro.Tenho medo de ficar só (hoje eu até que preciso desses momentos, mas não gosto muito de me sentir só num ambiente, tipo SÓ mesmo). Tenho medo de espírito, de papo de alma, de filme de diabo e essas coisas.Quando era pequena assistia todos os filmes de terror da tv, cheia de "marra" junto com meu irmão, aí eu sonhava e não conseguia dormir.Passei então a não assisti-los mais.
Tenho medo de ser esquecida.Das pessoas não pensarem mais em mim. Tenho muito medo de doenças, em mim e nos que eu amo.
Meus filhos, como toda criança, também são bem medrosos. É engraçado observar (em silêncio) que eles tem os mesmos medos que eu. É aí onde eu aprendo que talvez o monstro que mora embaixo da cama, apesar de todos terem um,  não é o mesmo para todo mundo...



Observo as mães nas redes sociais e percebo que somos TODAS iguais!!! Até o "advento" do Facebook, o sofrimento da adaptação na escola parecia uma coisa só sua. Ninguém sofria de ansiedade e medo de traumatizar a criança mais do eu! Hoje eu percebo que  não existe exceção. E quando eu vou começando a achar que está acontecendo algo "INOVADOR" aqui em casa...alguém já postou uma experiência igual a minha. E com fotos!!!
Por isso ser "rainha dos MEUS monstros"é tão importante. Porque tenho certeza que eles são só meus. Consequências de minhas reações à experiências só minhas.
Tenho muito medo de errar. Quem não tem?
Tenho muito medo de que meu "avesso" apareça, mesmo que seja só uma costurinha.
Tenho um medo cruel de não aproveitar a vida agora.De estar perdendo algo.
Tenho medo da morte súbita, porque sei que ela não passa depois dos três meses de vida...
Tenho medo de decepcionar meus filhos.
Tenho medo de ficar louca e precisar tomar remédio.
E agora minha história mudou de livro... virou "A Chapeuzinho Amarelo" de Chico Buarque. 
Amarelada de medo.


domingo, 6 de julho de 2014

Mudar para caber dentro de mim.

Há um pouco mais de um ano eu tive uma conversa muito séria com Marquinho, e comigo mesma. Falei para os dois que eu ia mudar. Falei que eu ia descobrir como resolver meu problema de baixo auto-estima e que ia mudar. Fisicamente? Talvez. Precisava me redescobrir. 

Meu primeiro passo foi procurar minha endocrinologista, fazer meus exames de rotina e começar uma dieta. Eu nunca me achei feia, horrorosa. Sempre busquei nas roupas meu próprio estilo e me sentir bem nelas. De vez em quando visto algo que sei que Marquinho gosta e tal, mas busco ser eu na maioria das vezes e não ligo muito pra combinar, estar na moda... isso poderia ser uma prova que minha auto-estima não estava tão abalada assim, mas existe uma coisa nessa história toda de se gostar que está um pouco além da aparência, acho que em mim, é um pouco de enxergar minha importância no outro...um pouco também de me comparar e achar que falta sempre algo em mim... enfim, fui na endocrino e fiz meus exames.
Fui em busca de um cirurgião plástico porque queria muito consertar umas coisas que ficaram meio caídas e esquisitas após meus três filhos. Uma delas me falou que eu estava 10 quilos acima do meu peso "ideal" e que, mesmo que ela "operasse um milagre" em mim, no final das contas, eu ia continuar me sentindo mal. Acreditei nela e fui atrás de extinguir esses 10 quilos antes de recorrer ao "milagre".
Pedi a um amigo meu, que é personal, que me ajudasse com exercícios. Fui bem clara com ele com o valor que eu podia pagar e que eu não seria nenhuma corredora de maratona, nem rata de academia, eu só queria perder esses 10 quilos.
Comecei a fazer análise e a escrever no meu caderninho.

E começamos juntos em junho do ano passado. Eu, minha endocrinologista, meu amigo personal (Márcio), minha analista, meu caderninho e um monte de gente que suportou meus dias de glória, me ouvindo "pregar" sobre os benefícios da corrida e da reeducação alimentar, e a falar sobre abdominais e exercícios funcionais... E claro, meu marido e meus filhos que não morreram ou me amam menos por todas as 2 horas que gasto na academia e treinos.



Essas fotos do lado esquerdo não foram de 1 ano atrás. Foi de um pouco mais, acho que Lia tinha uns 6 meses. Mas foi minha pior forma nos últimos 2 anos. 

Gosto de um comentário que li um dia: "Não é o quanto pesa na balança que faz você se sentir bem. Você se sente bem com seu corpo quando veste uma roupa que você curte muito e ela fica, na sua opinião, linda em você." 
Minha auto-estima, como eu falei antes, não dependia só do meu corpo. Sei disso e experimentei claramente isso há uns dias atrás quando meu corte de cabelo não foi "100% aprovado". Meu corpo foi o motivo que eu escolhi pra iniciar essa mudança de atitude.
Reconheço que me sinto 80% mais feliz com o que visto e com quem eu sou fisicamente. E canto vitória com isso porque EU precisei decidir e literalmente CORRER atrás da minha mudança.
Perdi 10 quilos de julho a dezembro do ano passado, fiz cirurgia plástica de abdome e mama pra eliminar a pele que ficou. Corro feliz 5km e morrendo 7,5km (uma volta na lagoa Rodrigo de Freitas). Tento malhar 3 vezes por semana e tento manter uma alimentação aceitável durante a semana para dar umas escapulidas no fim de semana. Eu tento. Isso não quer dizer que eu consigo. Quando sinto que estou ganhando uns quilinhos, corro mais, como menos e tento equilibrar as coisas. 
O mesmo segue pra dentro da minha cabeça. Hoje já reconheço o inicio dos meus "surtos" (todo mundo tem um, mude o nome, chame até de ansiedade...mas todo mundo tem seu momento psicótico de fora do normal) e tento organizar as idéias, pesar as consequências... enfim... Viver o melhor que eu puder comigo mesma e com as pessoas que amo perto de mim.
Houve muito investimento. De grana, de tempo, de culpa, de esforço, de não comer... ainda existe. Mas acho que facilitou um pouco as coisas. É menos um detalhe na minha lista feminina de "auto-piedade e culpa hormonal". 

Hoje de manhã, passei pela pracinha que meus filhos estavam brincando com a babá, dei um beijo neles, e falei que ia malhar. Eles me entenderam. Eles não entraram numa tristeza profunda e infinita que ditaria uma crise na adolescência porque não fiquei na pracinha com eles para ir malhar. 
Descobrir isso é maravilhoso! Me fez correr mais. 





domingo, 8 de junho de 2014

Uni du nitê ... não escolho por você.

Casei virgem aos 22 anos. Foi uma escolha. Minha e do meu marido (porque, se fosse só eu, não ia dar pra segurar mesmo). Não fui obrigada. Na verdade, fui. Pela minha própria consciência e vontade. Uma vontade enorme de estar fazendo a escolha certa. Um medo GIGANTE de sofrer emocionalmente.
Não foi um exemplo que vi de alguém, não foi pela igreja ou religião, ou uma pessoa que me aconselhou, ou pais super protetores. Não. Não foi falta de maturidade ou desejo sexual pelo meu namorado. Tínhamos momentos de intimidade e muitas vezes ele tinha que me parar.Por que? Porque ele respeitava o desejo que os dois tinham de nos guardar até aquele dia.E com o passar do tempo o desejo de chegar nesse dia aumentava, tomado de curiosidade e vontade daquela decisão "funcionar".



E foi lindo. A "Noite de Núpcias" foi  "afundada" num sentimento de descoberta, respeito, amor e admiração. Eu me senti a mulher mais linda e mais desejada do mundo. A Lua de Mel inteira foi minha e dele. Por mais que a gente estivesse visitando um lugar novo e viajando, eu estava ali pra ele e ele pra mim. Posso até dizer, sem medo de parecer ridícula, que até hoje eu ainda estou aprendendo. Descobrindo coisas boas para mim e para ele.

Sempre falei pra todos que estão próximos da gente que essa foi a NOSSA escolha, NOSSA experiência. Não é uma bandeira, nem uma "regra" ou excesso de moralismo "amostrado"...
O fato é que eu vou contar nossa história para meus filhos e vou contar para eles sobre meus medos e minhas inseguranças sobre sexo. Mas eles vão fazer as escolhas DELES e isso é INEVITÁVEL. Em tudo!
Quando eu estava grávida e perguntavam qual era o sexo do bebê para a gente, respondíamos: "Não sei.Também nem adianta, ele ou ela pode mudar até os 15 anos." Era uma piadinha igual tantas outras que fazemos o tempo todo. Mas realmente, se era algo em que pensávamos, hoje não é mais, porque percebi que o amor é incondicional MESMO. Independente do que eles/ela fizerem ou escolherem durante a vida deles.
Não posso escolher por eles a religião, a carreira, o sexo do parceiro, o esporte, o estilo de música, a tribo e até mesmo o time de futebol. Uma coisa eu sei: nesse exato momento  da vida deles, ELES VIVEM DE EXEMPLOS. Tentamos ensiná-los através de nossas vidas e da vida dos que amamos e admiramos.
Levamos eles para igreja (quando vamos) e fazemos uma oração antes de dormir e em outros momentos, falamos sobre Deus e as coisas de Deus e tento responder perguntas "impossíveis" do tipo: "Quem é o pai de Deus? Como Deus fez meu coração? Se Jesus é o filho de Deus, quem é o pai dele que está com Maria?" Mas eles não são batizados ainda, porque acreditamos que o batismo é uma escolha de fé, que eles vão fazer por eles. Eles praticam esportes dentro de escolhas nossas nos baseando nas coisas que eles gostam. Eles ouvem as músicas que nós ouvimos. Ainda escolho algumas roupas deles...mas tenho plena consciência de que isso vai mudar já já.
Caique não é mais corinthiano roxo...gosta, mas diz que é flamenguista. Noah ama Luan Santana. Lia acaba com todas as minhas tentativas de penteado.
E os três, quase sempre, reclamam da roupa que escolho.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Uma rotina para amar

Gostaria de dizer aqui que sou uma aventureira. Uma mulher exploradora. Daquelas que pega todos os feriados e oportunidades de viajar, coloca uma mochila nas costas de cada um dos 5 membros da família e sai pelo mundo.
Gostaria de dizer que aqui todo fim de semana pegamos as "bikes"e corremos trilhas e florestas, colocamos as pranchas em cima do carro e saímos pelos melhores picos, tipo um reality do Multishow.
Um pouco de "infelizmente"e um pouco de "ainda bem" que não.
Sou rotineira, apesar de detestar a palavra "rotina". Aprendi com Elisa Lucinda ( Atriz, poeta, autora de livros e minha professora um dia desses) que a rotina não é um "mal" e sim uma necessidade. Quando o assunto é criança, ela é extremamente necessária aqui em casa.
Vou colocar duas palavras "opostas"juntas de novo, presta atenção: Aqui em casa, a ROTINA é RADICAL !
Hoje me perguntaram, de novo, como estava a adaptação das crianças na casa nova (mudamos no último sábado). Pensei comigo os porquês de, por acaso, não ter sido boa, achei alguns, mas a rotina é com certeza essencial para eles nesse momento e sou muito feliz por tê-la como "ferramenta" nas nossas vidas.
As crianças têm hora para almoçar, tomar banho e dormir...eles seguem um dia a dia bem confortável (até agora sem reclamações e com carinhas felizes) e dentro de um ciclo que acreditamos ser o melhor para eles, para nós dois como casal e para a babá também.
Muitas amigas-mães que converso falam da dificuldade de colocar horários e estabelecer regras com seus filhos. Sou muito, muito defensora do conceito de que cada criança é uma pessoinha, e que as MINHAS regras funcionam (por enquanto) AQUI, na minha casa. A gente, eu e Marquinho, não criamos todas elas da nossa cabeça. Misturamos um pouco do que tivemos nas nossas casas com algumas coisas que ouvimos e lemos e outras foram criadas a partir da necessidade deles. 
Ter começado tudo com Caique foi essencial. Caique foi um "ratinho de laboratório"da educação doméstica aqui de casa...o que não adiantou muito quando você recebe em seguida um Ornitorrinco pra criar (tipo Noah), mas enfim, valeu para criar a primeira rotina da casa. 
Não foi fácil. Ninei Caique em meus braços para dormir até uns 10 meses. Ele era meu bonequinho! Eu queria muito fazer isso! Até me ver presa a esse momento, e principalmente, vê-lo preso a mim nesse momento.Ele precisava de mim para pegar no sono e toda vez que acordava de madrugada, ele precisava de novo. Ah, claro! Falar que foi pro bem dele é "desculpinha" para eu me sentir melhor... bobinhos...sou mulher!!! Cheia de culpa! Deixar meu filho chorando no berço para aprender a dormir não me fazia sentir melhor! Mas foi essencial. E durou duas longas e chorosas noites. Assim como o desfralde da noite. As três mamadeiras da noite (#caiquemonstrinho). A chupeta...
Percebemos que a gente não podia subestimá-lo. Ele fazia tudo por instinto e imitação. De lá pra cá, Caique, Noah e Lia vão dormir as 21h TODA noite (claro que há exceções, o que fazem Noah pedir "peloamordeDeus" para ir dormir e sermos "obrigados" a sair das festinhas antes do parabéns). Eles deitam na cama, fazem a oração e tchau! 


Sei que apesar de ser uma ROTINA, eles são crianças, e como toda criança, crescem e mudam todo dia. Hoje é assim, amanhã pode mudar. Caique está crescendo e já não dorme igual aos outros dois, acorda mais cedo e fica sem sono algumas vezes na hora de dormir. Mas é como eu disse anteriormente, não dá para ter a mesma regra sempre. Não existe nada pronto.
Duas coisas são prioridades na hora de estabelecer as "regras" para eles aqui em casa: A NECESSIDADE e o BENEFÍCIO que irá trazer. Sabemos que o "sacrifício" no ato de estabelecer uma regra existe, mas já experimentamos e vimos que se for uma necessidade, nem vai ser tão sacrificante assim pra gente e para eles.
Quando começo a falar do dia a dia das crianças aqui em casa, sempre tento me escutar. Me julgo. Quero saber se estou sendo muito dura e aplicando só leis sem liberdade. Aí percebo que Noah é mais feliz quando dorme (eles não têm hora para acordar, só para dormir...mas eles nunca "internalizaram" isso...infelizmente). Vejo que Lia segue as regras e quer estar dentro delas, ser participante e integrada , ela demonstra isso quando colocamos um deles de castigo e ela pergunta: "E eu?" Caique se nega a fazer algo sozinho, tomar banho, comer e ir dormir, por exemplo.
Que bom.
Mesmo dentro de tantas regras e rotina, as crianças brincam, criam, cantam , gritam e correm. Não gostam "menos"de mim por ser rígida quando tenho que ser e por insistir que cada um tem sua cama e que, sair para trabalhar, malhar , jogar tênis ou namorar também fazem parte da rotina da casa. Vejo que elas fazem muito bem para os soldad...ops! Moradores aqui de casa. 

Toda essa rotina, por incrível que pareça, ajuda no meu casamento. Saio toda semana sozinha com Marquinho. 
Gostaria de dizer que vamos cada vez a um lugar diferente e exótico, em noites românticas e "calientes", sempre com muita dança e bebida... mas...eu não sei dançar. 




quinta-feira, 8 de maio de 2014

Mestrado em consequências

"Mamãe, as crianças que roubam, elas roubam porque nasceram assim, ou porque são más mesmo?"
Noah me fez essa pergunta semana passada.
"Acho muito injusto isso de você poder colocar a gente de castigo  e dar "consequências" e a gente não poder fazer nada com você."
Noah falou isso há um mês atrás.
"Não sei porque eu não posso casar com Lia quando eu crescer. Ela é a menina mais linda desse mundo."
Noah há um ano atrás.
Essas foram as mais mais de Noah. Tem um milhão de outras porque ele simplesmente não consegue parar de falar.
Noah é aquele filho que diz quando você está gorda, barriguda, tem bafo e lhe constrange quando você faz algo errado. Ele estraga as surpresas (tipo spoiler), responde "o que é o que é" dos outros, e também insiste até conseguir o que quer repetindo um mantra do seu lado. Noah rebate tudo o que toca nele, mesmo sem querer. Ele ri nas suas costas e faz careta, além de ficar repetindo tudo o que você falou com voz de desdém. 
Ele não é mau. #noahéassim.


Converso com meus filhos sobre escolhas e consequências desde quando Caique nasceu. Abrir o olho e acordar, por mais involuntário que pareça tem uma escolha envolvida. 
Tudo na vida é uma questão de escolha (sob MEU ponto de vista). E toda escolha gera uma consequência.
Aqui em casa, "castigo", "pedir desculpa a alguém", "perder o direito de algo"... tudo é chamado consequência. Porque a "bobeira"que eles fizeram foi uma escolha errada, eles foram avisados (muitas vezes) que "escolhendo fazer isso ou aquilo" vai ter uma consequência.Tem dado certo, com Caique e Lia pelo menos. 
Noah não liga para as consequências, o "futuro" não importa muito pra ele. Mas quando o futuro vira presente, ele briga com quem estiver na frente para mudar as consequências, e briga até com o "tempo verbal"!
Nossos métodos de consequências não funcionam efetivamente com ele. Ele se sobrepõe às "incansáveis" tentativas de colocar rédeas nesse potrinho "fofo e meigo", porém selvagem.
Noah é a criança mais doce e carinhosa que eu conheço. Ele ama dengo e colo. Ele adora brincar só. Ele gosta do silêncio para ficar ouvindo sua própria voz cantando o dia inteiro, mas se puder, pede pra ouvir a mesma música o dia inteiro. 
Noah é afinado. De corpo e voz! 
Noah é altamente inteligente e tira suas conclusões "científicas e matemáticas" na maioria das vezes sem ajuda. Ele finge precisar de ajuda, só para alimentar uma "preguicinha" normal do ser humano.
Noah é um SUPER HOMEM por dentro. De força e crença nele mesmo. Por fora ele é mirradinho e com olhos do gatinho do Shrek, mas por dentro Noah trava uma batalha diária entre uma dependência da aprovação de Caique pra tudo e não concordar em ser igual a Caique, em nada.
Sou completamente e totalmente apaixonada por essa personalidade dele. Ela me desafia a ser muito mais,todo santo dia. É como estar no primeiro ano de faculdade, estudando para ser mãe, e ter que estudar para mestrado em maternidade ao mesmo tempo. Você ainda não sabe e precisar SABER MAIS.
Separo um a um. Cada experiência é única porque cada um deles é uma  pessoinha para mim.
Nesse caso, #noahéassim.


terça-feira, 6 de maio de 2014

Onde moram os argumentos

Fiz análise o ano passado para tentar achar minha voz. 
Me re-conhecer. 
Sou muito melhor escrevendo do que falando. Melhorei muito do ano passado até esse ano. Não foi só a análise. Até porque, a mulher me ouvindo ali não pode mudar o que está aqui, dentro dessa cabeça doida e cheia de pensamentos. Já falei aqui. É "auto-ajuda", se eu não quiser mudar, ninguém vai fazer isso.
Meu maior problema com as palavras faladas são os argumentos.Na hora que eu mais preciso deles eles acham o único e pequenininho "buraco negro para coisas absurdas"que cultivo no meu cérebro e se enfiam lá! Vão embora e só voltam quando a fala do outro fala: "Você ouviu o absurdo que você acabou de falar?" - Claro que eu ouvi! Saiu do buraco negro pra dar lugar aos argumentos safados que se esconderam lá! (...raivaaaaa...)
Uma simples discussão depois da análise e eu percebi que a fraqueza não está na voz.Está nas palavras.Meu problema talvez não fosse (ainda seja) "falar"as coisas, mas saber juntar as palavras certas.Falar em negrito. Dar um CAPS LOCK nas vontades e deixá-las aparecerem.


Eu consigo enxergar a necessidade do uso da minha VOZ  bem claramente em dois momentos específicos: durante meu trabalho como professora e em casa com meus filhos. 
Na escola, preciso ter pulso firme e ao mesmo tempo saber negociar e ouvir. 
Em casa também. 
A diferença é que os limites que dou aos meus filhos são MEUS limites, num ponto de vista acordado entre eu e o pai deles. Com meus alunos, meus limites vão dentro da minha sala de aula, sempre em equilíbrio (nesse caso como no circo mesmo) com os limites dado pelos pais deles.Nessas horas, ter argumentos e voz é muito precioso e necessário. Porque as crianças, em sua maioria, os têm. 
Eu precisava achar minha voz para ser completa nos dois "maiores"momentos do meu dia.
Preciso me policiar constantemente quanto ao uso da minha voz. Para fazê-la ouvida e para "nem tanto". Depois de aprender a usá-la, sigo em busca do equilíbrio. Como em tudo nessa vida, né?!

Com meus filhos faço uso de uma técnica muito bem desenvolvida, que foi testada em mim e meus irmãos e , pelo menos até onde me lembro, funcionou com maestria. A técnica chama-se "Porque eu sou sua mãe e pronto!'. Não tem argumento que se livre dessa! Ela pode vir acompanhada por : "Enquanto estiver na minha casa", "Me respeite, rapaz! Eu sou sua mãe"... e algumas outras. Por enquanto, tem funcionado. Pelo menos com Caique e Lia. Com Noah...hum...um bom papo para outro post. 
Noah , se eu misturar o nome dele, pode virar um "Naoh" que ele usaria fácil fácil para qualquer um de meus argumentos.






sábado, 3 de maio de 2014

E quando não se está "programado"?

Falei no post " Gerar X Ter" sobre meus filhos terem sido gerados primeiro em meu coração, na VONTADE que eles existissem e não somente no meu útero.
Quando falei "meus filhos", inclui Lia na lista também, claro!
Para quem não sabe, fiz laqueadura de trompas durante o parto de Noah ( meu segundo). Dois anos depois eu estava grávida. 
Sim , é possível. 
Não, não foi erro medico. 
Não, eu não pedi pra ver as trompas durante a cirurgia e sinceramente, NUNCA conheci ninguém que viu os pedacinhos das trompas cortadas enquanto você está ali doida pra ir pro quarto ver seu bebê. 
Bom, segundo minha médica : " Parabéns! Acontece e aconteceu com você!!!" Mas se você NÃO é como eu , que acredita muito nela, existem  milhões de reportagens e sites que falam sobre isso . 
Esse aqui explica de maneira mais simples: http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/revista-ch-2009/258/e-possivel-engravidar-depois-de-realizada-a
Pirei! E bem detalhadamente, numa seqüência de emoções, e tentando organizar os  sentimentos daqueles meses , eles ficaram  assim:
  •  Na descoberta,  me senti "a ET". Tipo a mãe da criança do filme " A profecia". O mundo vai acabar e eu vou parir o responsável!!!
  •  Segundo, me senti a Maria. Foi a vontade de Deus e pronto! Esse bebê tem uma missão aqui na Terra e eu fui a escolhida.
  • Terceiro... Chorava toda noite revoltada com essa "mudança de planos", e ao mesmo tempo chorava me sentindo um monstro por não querer essa situação que ia me dar esse "milagrinho".
  • Quarto... Era uma meninaaaa!!! Fiquei feliz! Muito feliz!!! Agradeci a Deus por Ele não ter dado ouvidos ao meu ato de decisão "permanente" de nunca mais engravidar e parecer um Brigadeiro de festa chic. Agradeci por Ele conhecer meu coração e saber que em alguns anos eu ia mesmo querer adotar uma menininha!!!Nina, o nome dela pode ser Nina! Até o ex-chefe de Marquinho comprar um cachorro e colocar que nome? Nina.  Minha filha ficou sem nome por enquanto.
  • Quinto... Menina? Putz que saco! Vai chorar sem motivo, vai "roubar " meu marido, vai menstruar, vai usar minhas roupas, vou ter que fazer penteado, vou ter que comprar coisa rosa, vai gritar, vixe! Tem balé, Barbie e cheirinho de morango!!! Ai, não tenho paciência pra isso!!!
  • Sexto... Não posso engordar de novo, não posso engordar de novo, não posso... Sonhei que carregava uma menina no colo, o nome dela era Lia.Significado? Não sei. O passado do verbo LER, serve?
  • Sétimo, como será que ela será? Será que ela vai ser igual a mim? Será que ela vai ter as mesmas nóias que eu? Será que depois dessa segunda laqueadura ( Deus me livre) eu tenho chance de engravidar de novo?
  • Oitavo, "Médula Óssea! Tenho certeza que eu engravidei porque alguém compatível com ela vai precisar de transplante! É isso!!! Essa é a resposta!" 
  • Finalmente... Ela é ROSA!!! Meu Deus ela é ROSA! Não sou eu, não é Marquinho...ninguém! Ela é ela e ela é completamente, dos pés a cabeça, cor de ROSA!!!

Lia já tinha sido desejada no meu coração.Sempre quis adotar uma criança, e quando estivéssemos mais estruturados aqui no Rio de Janeiro ela chegaria até nós. Ela chegou. De uma maneira diferente. Não programada. 
Tomei um susto grande. Eu ouvia as pessoas me dizerem que "filho é sempre bom", "filho é benção", "foi plano de Deus", "foi o destino"... ok. Pode ser. Mas naquele momento, quando minha vida já tinha uma outra organização ( e olhe que eu NÃO sou organizada), um pensamento bem MEU veio na minha cabeça , lembrando de quando eu decidi que não ia mais PARIR ninguém... e aí, de repente, eu tinha um teste positivo em mãos e um bebê (rosa) no meu útero.
Meus pensamentos e sentimentos entravam em conflito o tempo todo. Eu não queria estar grávida, mas por tudo que eu acredito e vivo, eu prendia meu grito de manhã, sorria para as pessoas que me falavam aquelas frases lá em cima...sorria pra Deus com cara de aceitação (...bobinha! Porque eu acredito que Deus é muito maior internamente, e me vê pelo avesso)...engoli um choro fundo, e eu mesma dei um nó cego na garganta, porque eu não admitia rejeitar aquele bebê. 
Numa noite, esse nó desatou! Chorei uma dor profunda, uma tristeza frustrada de não poder ser ouvida, porque nem pra dentro eu podia gritar porque o meu bebê não poderia ouvir! 
Não aguentei e chorei feito menina mimada, que não queria estar naquela situação. Falei "brigando"com Marquinho : "Eu não quero estar grávida!Eu quero esse bebê! Ele já é meu! Mas eu não quero estar grávida! Eu decidi isso!!! Eu não quero mais sorrir pra ninguém! Eu não quero comprar roupa de grávida!" Marquinho me abraçou e falou: "Tudo bem, Amor. Você não precisa sorrir para ninguém. Você não tem que gostar. Tudo bem.Já já ele vai nascer e Deus sabe o porquê." Acordei de manhã e fiz tudo igual. Sorri pra todo mundo, contei piadas, abri o botão da calça...mas não tinha mais nó, nem choro, nem cara nenhuma pra Deus. Resolvi que não tinha que entender, ser respondida, ou explicada. 
Na maioria das vezes a gente tenta acertar nas decisões que a gente toma.Ter filhos, ou não tê-los não tem certo nem errado. Feio nem bonito. Eu só descobri que essa decisão não depende unicamente de mim. Chame de biologia, destino...eu escolhi chamar de VONTADE. Porque a vontade nasce de um desejo, na cabeça e no coração. Foi uma mistura do meu desejo de adotar uma menina, com a vontade de Deus que ela saísse de mim. Não vou mais procurar porquês...eles já saíram de mim, naquele nó,lembra?!


quinta-feira, 1 de maio de 2014

Auto-ajuda quem não se atrapalha

Esse não é um Blog com dicas sobre maternidade. 
Também não é poético ou com cartas que fiz para meus filhos. 
Nem politico.
Nem científico.
Nem rotulado.
Se eu fosse escolher uma prateleira para colocá-lo, seria a de "Auto-ajuda". Sou eu tentando me ajudar. Aprendi , na terapia, que a ajuda vem da mudança de pensamento e atitude, da aceitação, da entrega definitiva às coisas que você não consegue mudar ( para Deus quem sabe?), ou da desistência mesmo (algumas vezes ,porque a vida passa muito rápido para ficarmos batendo a cabeça na parede por algo que pode ter uma outra perspectiva). 
Por isso Auto-Ajuda. 
Se eu não me ajudar, ninguém na Terra vai conseguir fazê-lo. Ninguém é igual a ninguém. Mesmo que nascidos e criados no mesmo lar.
E de repente, me pego pensando que, em cinco anos pequenininhos , vi minha vida mudar radicalmente ! De egocêntrica e preocupada com meu umbigo gordinho à "mãe de três". Três vidinhas engraçadas , barulhentas, e até onde eu consigo enxergar bem felizes! Esse é um blog "diário", o que não quer dizer que vou escrever todo dia, nem que vou manter uma linha de raciocínio. Vou escrever minhas experiências e o que vier na minha cabeça. Como um grito. Um refúgio da tensão e preocupação dessa "função" extraordinária que "de repente", me foi dada.
(Abril /2013)

O ano passado foi um ano onde eu tive que me procurar. Eu precisava parar um pouco com essa vida que muito rapidamente vai acontecendo para descobrir de quem era essa vida.Quem é essa pessoa dona dessa vida. Eu não me reconhecia nela, porque talvez eu não aceitasse ser ela.

Fiz um curso de poesia falada. No curso eu tinha que escolher um poema, texto, qualquer coisa, de qualquer escritor e memorizar para no fim da semana eu interpretá-lo. No processo para memorizá-lo muita coisa acontece. Porque é preciso entendê-lo, sentir o texto, pensar no que o escritor pensava, pensar no que o texto é para você... claro que escolhi um texto de um escritor nordestino, Zé da Luz.Claro! Ia ser fácil! Eu ia interpretá-lo como ninguém! Até sotaque verdadeiro eu tenho!... bobinha!
O professor se ligou na hora!Parece que ele olhou através dos meus olhos e disse: "Muito fácil, Flávia! E sem comprometimento. Você precisa de Martha Medeiros. Você vai achar "carne"no sentimento".
Escolhi um livro, a cada poesia amarga e ácida, sentimento e carne dela me deixavam cada vez mais exposta. Escolhi uma. Chorei todas as vezes que li. Inclusive no dia da minha apresentação (na foto acima).
O momento da fala do poema foi bem especial. Porque não tinha ninguém que me conhecesse ali, mas eles estavam vendo a Flávia crua, sem filtros evangélicos, sem cuidados maternos, sem esse "auto-controle"que eu insisto em colocar em mim... E então eu pude enxergar quem eu sou...e voltei pra casa com medos e planos.
(quando fiz minha conta no facebook, eu escrevia em inglês. Porque na minha cabeça, eu tinha o orkut para os amigos do Brasil e o facebook para meus irmãos que moram fora e os amigos "gringos". Nada de muito. Fotos de Caique, minha e de Marquinho e isso que eu continuo fazendo. Quase nunca tomo lados ou partidos, não costumo defender ideologias ou comentar programas de tv. Uso para que os meus amigos saibam de mim, e me conheçam. Percebi que eu era uma das que me seguiam. Eu precisava "me ler"para me conhecer).
Entrei na análise. Sempre que saía de lá, eu escrevia meus sentimentos num caderninho. Tenho essa necessidade de escrever tudo. Quando contei isso para a psicóloga, ela disse que era porque eu precisava de mais tempo com ela, porque eu ainda tinha mais coisas para falar...bobinha ela! Se eu tivesse mais tempo com ela eu ia precisar de mais outro caderno.



Escrever me acalma, me sublima, me "extesia", me anestesia, me socorre, me eleva, me alimenta. Escrever me esvazia e me terapeuta. Escrever me dá idéias, me melhora, me "upgreida". 
Digitar ajuda...mas escrever... desfilar com a ponta de qualquer coisa no papel é a sensação mais "orgasmática"do mundo para mim. Adoro sexo. Não troco por nada. Mas algumas vezes, para completar a noite, Marquinho dorme e eu preciso ir escrever.



sábado, 26 de abril de 2014

Gerar X Ter ( sobre minha primeira experiência)

Eu insisto em dizer que somos diferentes. 
Eu não sou igual a você.
Podemos pensar e concordar com as mesmas coisas, podemos passar por situações parecidas... mas a pessoa , o cérebro, a alma que está em mim é completamente diferente de você. 
Por isso, não sinto o menor remorso em expressar a MINHA opinião sobre algo. Principalmente quando o assunto é maternidade. Tenho diferentes experiências sobre esse assunto, todas elas únicas.
Não acho que para ser mãe tem que gerar. Nem acho que para ser mãe, precisa necessariamente do nome "MÃE". Tem amiga,irmã , avó, pai, tia, padre, pastor, professora, e babá que é mãe , já vi até bicho ser mãe de gente. Basta ter esse instinto avassalador e incontrolável de cuidar de alguém muito além do que você cuidaria de você mesmo.
Escolhi gerar Caíque. Me preparei para ele. Preparei meu corpo e minha casa para recebê-lo. Preparei meu instinto e minhas tripas para defendê-lo de tudo e de todos. Eu quis muito ter Caíque. Quis de verdade ter esse "gene egoísta" para alimentar meu ego e pensar que de alguma forma ele é meu... tsc tsc ...bobinha!

Só é MEU o que eu "gero" em mim e fica dentro de mim. Como pensamentos, sentimentos e doenças... Pessoas , não!


Não precisa gerar a vida. Basta agarrar a necessidade de manter o outro vivo a todo custo! Pronto! Você é mãe!
Amo meu filho (os três, claro, mas nesse momento, estou falando dele, que é único, como pessoinha e experiência). Mas detestei estar grávida. (Parêntesis: (uso parêntesis para falar um parêntesis, bem pleonasmático mesmo!Ah! E também "invento"palavras para expressar algo que não consigo com as palavras que já existem...a hora de desistir desse blog é agora...antes que você saia por aí achando que "pleonasmático" realmente existe...pensando melhor...você está certo!Agora que eu criei existe sim!)...voltando ao meu primeiro parêntesis...  escrevo MINHAS opiniões, baseadas em MINHAS experiências, por favor, sem preconceito ou pré-julgamento...na paz!).
Algumas pessoas já me ouviram dizer isso, mas escrito, parece que soa mais feio...fica mais sério...vira documento, né?! Mas vou dizer. Na cara e na coragem! Gravidez PARA MIM foi doença sim. (sem revolta, sem raiva, nem arrependimento...tanto é que fiz tudo de novo com Noah)
Ficar enjoada, sonolenta, fraca, ter descolamento, não poder correr, pular, carregar peso...o corpo muda e se transforma para sempre. Você tem reações psico e patológicas nunca antes experimentadas, você se "embola" e qualquer roupa que veste fica parecendo brigadeiro chique de casamento, com aquelas forminhas cheias de plastiquinhos... além do medo de perder, de parar de mexer, do parto, da amamentação... Concordo com você que teve uma gravidez maravilhosa e deve estar pensando: "Que triste isso." Me lembro de cada ultrassom (só na gravidez de Caique foram 15. Fiz tanta ultrassom até hoje, que quando vou no mar meu útero conversa com os golfinhos-piada nerd). Lembro de todo alivio em cada um desses exames, lembro de sonhar sonhos pra ele, das roupinhas...claro que vivi as coisas boas da espera por ele. Mas o fato dele ter sido "gerado"dentro de mim não contribui ou é relevante de alguma forma para ele ser meu filho...meu primeiro "ser de amor". Meus filhos foram muito mais gerados no meu coração e na minha mente por escolha, do que em meu corpo. Vejo a gravidez como um caderno de caligrafia...uma parte do processo, algo que ajuda você a entender o básico e a perfeição do fim, mas não é essencial. Gerar meus filhos não representa em mim ser "mais"mulher, e nem mesmo ter "cumprido meu papel como tal"... Filho é muito mais coração do que útero.Todos eles.



quinta-feira, 24 de abril de 2014

O número três.


Sou a terceira filha. Tenho 3 irmãos. Tenho 33 anos e 3 filhos. Nasci dia 30 e minha filha , de maneira muito especial, também. Depois de três curtas experiências, encontrei o "homem da minha vida" ( sim, isso quer dizer que só tive 3 namorados antes de Marquinho). Engravidei de Caíque no meu terceiro ano de casada.
Não acredito  em numerologia, nem tão pouco sou boa em matemática. Não tenho "número da sorte", não sou supersticiosa, não tatuei o três em mim, não fiz uma música ou poesia com esse número.
Só achei engraçada a coincidência. Somente. Fim.